A geração florianopolitana emigrada para o Rio de Janeiro no século XIX: Victor Meirelles, Sebastião Vieira Fernandes e Rafael Mendes de Carvalho. Todos retratistas reconhecidos, que passariam a sobreviver de sua arte em muito graças às encomendas de retratos. Alcançaram algum sucesso trabalhando na Corte e estabelecendo ateliês onde conquistaram uma clientela capaz de lhes custear a vida na capital do país.
Rafael Mendes de Carvalho, nome eclipsado da história da arte local pelo vulto de Victor Meirelles, parece ter obtido relativo sucesso junto a Escola Nacional de Belas-Artes durante um certo período. Tornar-se-ia, inclusive, pensionista na Europa. Do pouco que se sabe a respeito de sua trajetória, registra-se que foi auxiliar de Manuel de Araújo Porto Alegre – também mestre de Victor Meirelles – e que trabalhou na preparação dos grandiosos festejos da coroação de Dom Pedro II, evento bastante significativo para vários artistas do período que simplesmente transformaram parte da cidade do Rio de Janeiro através de seus trabalhos artísticos, coordenados por Porto Alegre. Tal ligação, entre Carvalho e Porto Alegre, com toda certeza deve lhe ter garantido diversas encomendas já que Porto Alegre mantinha uma fiel clientela, mas que por conta de suas inúmeras tarefas, não conseguia realizá-los, como registrou em suas memórias: “(...) muitas encomendas para pintar retratos de figuras destacadas da corte”.
A trajetória de Rafael Mendes de Carvalho é obscura. Henrique Boiteux, no entanto, formula uma hipótese para a sua trajetória. Segundo ele, sua carreira se transformaria completamente com a viagem à Europa, realizada com parcos recursos: “Sem meios de criar ambiente que o fizesse conhecido em meio estranho, fazendo-o ao contrário arredio da sociedade em vez de dar-lhe ânimo a vencer, bem ao contrário o tornaria descrente. Era uma vítima do obscurantismo da época. Desiludido, regressou à Pátria, para se entregar à pintura de retratos de provedores de irmandades, de barões e dando lições de desenho até que a morte o levou a total esquecimento”. A descrição de Henrique Boiteux remete novamente ao problema dos retratos para os artistas da época: muitos consideravam a produção de retratos como tarefa inferior a ser cumprida pelo artista. Desiludido, Rafael Mendes de Carvalho passaria a fazer apenas retratos.