Ontem Victor Meirelles no Museu Victor Meirelles. De cima a baixo Victor Meirelles. Em cima, na alcova, um retrato de um médico, extremamente significativo de toda uma produção de retratos no século XIX.
Victor Meirelles, o homem que teve que receber um empurrãozinho de seu mestre Manuel de Araújo Porto Alegre – também retratista – uma vez que na Europa parecia se voltar cada vez mais para a grande pintura, ou seja, a pintura histórica. Advertiu-lhe: “Como homem prático, e como particular, recomendo-lhe muito o estudo do retrato, porque é dele que há de tirar o maior fruto de sua vida: a nossa pátria ainda não está para a grande pintura. O artista deve ser uma dualidade: pintar para si, para a glória, e retratista, para o homem que precisa de meios”.
Este famoso conselho de Porto Alegre mostra, em verdade, o modo como os pintores encaravam os retratos: uma produção secundária, mas de caráter peculiário. Não apenas Victor Meirelles se debateria com esta questão: só em Santa Catarina, outros pintores como Rafael Mendes de Carvalho e mesmo Sebastião Vieira Fernandes teriam que lidar com esta questão.
Victor Meirelles tornou-se um exímio retratista, apesar de mais reconhecido nas pinturas históricas e paisagens. Além de diversos estudos de cabeças e retratos tradicionais, o artista realizou algo que ainda hoje suscita debate: o retrato de uma morta. Obra também pertencente ao acervo do Museu Victor Meirelles, "A Morta" leva ao extremo o pressuposto “posado” do retrato.