ainda, diferenças

veja, fernando, deixe eu esclarecer: não gostaria que interpretasse minha postura como elitista - embora você não tenha dito isso, pode parecer. deixo claro que acho políticas de formação de platéia e democratização da arte algo fundamental e precioso. só acho - e isso é achismo mesmo, porque entendo muito pouco do assunto - que às vezes podemos cair em posturas equivocadas e um pouco ilusórias. por exemplo, machado de assis deve ser dado para adolescentes? os sertões deve fazer parte da lista do vestibular? como deve ser conduzido esse processo? mesma coisa com museus, pergunto: o fato de 30 crianças assistirem a determinadas exposições necessariamente significa que aquelas exposições digam alguma coisa para essas 30 crianças? meu medo é que isso pode tornar-se um processo nulo, pois a leitura - qualquer leitura -, embora também esteja ligada a processos emocionais, afetivos, enfim, é também um processo cognitivo, e deve ser também aprendida mesmo.

quanto às diferenças, não creio que elas se encerrem em diferenças de classe. posso estar equivocado, mas vejo algo determinista em sua pergunta. diferenças são também construções, descontinuidades, desvios que se fazem no discurso e na história. e de qualquer maneira, trazemos histórias singulares. você, como historiador, sabe disso melhor do que eu.

[V.R]

Um comentário:

Anônimo disse...

eu vim lá de baixo (dos textos no blog), não geograficamente, nem economicamente - sou bem "mimada" - e tô acompanhando a discussão, mas não resisti, como nunca resisto e comento: está ótima e me lembra uma certa dupla de pensadores de uma certa escola marxista do séc passado, esse ponto muito me interessa.
:)
continuo subindo...