Museu Paulista que é também do Ipiranga...

Ida a SP: Museu do Ipiranga (Museu Paulista / USP), Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa, Estação Pinacoteca, FAAP, Fiat Mostra Brasil, MAM [NA] OCA, MAM e Bienal de SP. A partir de hoje, tentarei escrever alguns comentários, impressões de viagem. Acho que o Victor também vai ajudar. Vou começar pela parte mais careta do roteiro:

Museu Paulista

Museu esquizofrênico até no nome. Museu Paulista mas também conhecido como Museu do Ipiranga. Projetado pelo Império acabou sendo realizado pela República. A pesquisa e a expografia do Museu se esforçou e ainda se esforça em desfazer a imagem imperialista, mas é difícil não lembrar de D. João, D. Pedros e aquela laia toda em meio àquela arquitetura monumental. Tenho certeza que estes palácios tinham pé direitos altos para aguentar as cagadas destes caras (Niemeyer também pensou nisto quando fez Brasília, podem perceber...)
É um museu histórico no pior sentido do termo. Armas, urinóis, Oscar Pereira da Silva, carros de bombeiros, mais urinóis, Pedro Américo, mobiliário. É impressionante como persiste uma certa expografia. Ainda bem que para o ano que vem está planejada toda uma transformação nas exposições.

“Independência ou morte” é gigantesco. Impressiona pelo tamanho e também por ter sido realizado um ano antes, apenas, da Proclamação da República. Nasceu como ode ao Império e mal trocava as fraldas quando virou motivo de chacota republicana. Sua leitura hoje é recheada de risos e deboches. É que tanto se fez piada, na própria historiografia brasileira, com a história do D. Pedro estar com diarréia às margens do Ipiranga e coisa do tipo, que, cada vez que eu olho para aquele quadro, eu me lembro dessas coisas. A ironia substituiu a idéia de uma história edificante. Os imperialistas se ferraram nas mãos dos republicanos. E sobrou para o Pedro Américo.

Em exposição, ainda, várias telas de Oscar Pereira da Silva, onde pintava feitos imperialistas em pleno ano de 1922. Semana de Arte Moderna acontecendo e tudo mais, e ele lá, com seus traços acadêmicos (por sinal, foi aluno de Victor Meirelles). São coisas que esquecemos: ao mesmo tempo em que se produzia um movimento modernista – que se tornaria hegemônico – um discurso conservador (tanto plástica, quanto historicamente), como o de Pereira da Silva, continuava seu rumo. [F.C.B]

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